segunda-feira, 24 de junho de 2013

Halliburton - furtados dados sigilosos da Petrobras

QUINTA, 14 DE FEVEREIRO DE 2008, 09H19

Halliburton: furtados dados sigilosos da Petrobras

Exclusivo, direto do Rio de Janeiro
Apreensão e expectativa no 23º andar da Avenida República do Chile, 65, Rio de Janeiro. A presidência da Petrobras tem uma informação que pouquíssimos brasileiros conhecem; entre os que têm a mesma informação, o presidente da República, Lula, e quem investiga o caso instalado no 3° andar do número 1 da Avenida Rodrigues Alves, Praça Mauá, no departamento de Inteligência da Polícia Federal, Rio de Janeiro. O que sabem o presidente da República, a presidência da Petrobras, e quem investiga o caso, classificado como ultra-confidencial?

Petrobras confirma informações do Terra sobre furto
Halliburton não se pronuncia sobre furto
Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, região de onde foram furtadas as informações confidenciais da Petrobras
Sabem, com mais ou menos detalhes, que entre uma plataforma da Petrobras em Campos e uma sede da empresa em Macaé - também Rio de Janeiro - foram furtados um dísco rígido e dois notebooks com informações detalhadas e os dados de pesquisas que levaram às recentes megadescobertas de petróleo e gás em águas profundas.
O furto de tão valiosas informações tem contornos e desdobramentos ainda imensuráveis. Inclusive por conta de alguns dos personagens e instituições que, mesmo involuntariamente, fazem parte do enredo.
Arrombamento e furto
No dia 1º de fevereiro, a presidência da Petrobras recebeu a notícia através do seu setor de segurança. Um container despachado desde uma das plataformas de pesquisa na bacia de Campos para a superintendência da Petrobras em Macaé teve violado um cadeado de segurança.
Quando se tentou abrir o cadeado, a chave não funcionou. Na seqüência de tentativas, aberto na marra, a segurança descobriu: o cadeado original havia sido trocado por outro, dados e informações absolutamente estratégicas e confidenciais sobre as recentes descobertas da Petrobras haviam desaparecido do container.
Como a empresa dispõe de cópias da documentação contida nos notebooks e no disco rígido, não reside nisso o maior problema; melhor dizendo, a cadeia de graves problemas e seus desdobramentos.
Quanto a esta teia de problemas e desdobramentos possíveis, comecemos pela empresa contratada pela Petrobras para o transporte de tão confidenciais informações: é a norte-americana Halliburton, uma das maiores corporações do mundo nos serviços de pesquisa e exploração de petróleo.
Linkada às gigantes Energy Services Group (EGS) e Kellogg Brown & Root (KBR), a Halliburton teve como presidente Dick Cheney, o atual vice-presidente dos Estados Unidos. Cheney deixou o cargo na Halliburton, empresa presente em mais de 100 países, para ser o vice de George Bush Júnior.
HIPÓTESES
A Inteligência da Polícia Federal já investiga o arrombamento e furto. São várias as hipóteses.
Sabotagem, uma delas, é pouco provável. Outra, levaria a um furto comum; algum pobre diabo teria arriscado o pescoço apenas para levar dois computadores e um dísco rígido, sem saber o tamanho do poço em que se metia.
Hipóteses mais prováveis, até o momento, são:
- Ação isolada de um serviço secreto estrangeiro.
- Espionagem - com a participação ou não de Serviços de Inteligência estrangeiros - por parte de empresa concorrente no trilhardário mundo do petróleo.
Para constar, apenas isso e nada mais do que isso, um perfil dos envolvidos; até que se saiba mais, diga-se, envolvidos involuntariamente.
Envolvidos por serem instituições ou personagens que, ainda que à revelia, não têm como não freqüentar este rocambolesco enredo.
PETROBRAS: Tinha reservas estimadas em 14,4 bilhões de barris, o que colocava o Brasil em 24º lugar no ranking das maiores reservas mundiais. Isso até as descobertas de Tupi - a partir da bacia de Santos. Supõe-se que o Brasil salte agora para a 8ª ou 9ª posição neste ranking.
A Petrobras é a quinta empresa do mundo entre as que têm grandes reservas e operam em Bolsas de Valores. Com as descobertas recentes deve saltar para o terceiro lugar.
O lucro da Petrobras em 2006 foi recorde: R$ 25,9 bilhões, um aumento de 9% em relação aos R$ 23,7 bilhões em 2005.
HALLIBURTON: é tida como a maior empresa de serviços em campos de petróleo mundo afora.
Com a Petrobras a Halliburton já assinou um contrato de US$ 2,5 bilhões, considerado, à época, o maior do mundo no setor.
Entre outros itens, o contrato previa a entrega de dois navios-plataforma para exploração de petróleo na Bacia de Campos.
Houve desentendimentos e o banzé foi bater na Comissão das Nações Unidas para Lei do Comércio Internacional (Uncitral), mas a questão foi resolvida e essa é outra conversa. É aqui relatada de passagem apenas para que se tenha uma dimensão da parceria e dos atores.
Certamente tudo caminha bem, uma vez que, em agosto passado, Petrobras e Halliburton fecharam novo contrato, este na ordem dos US$ 270 milhões.
DICK CHENEY: Ex-presidente da Halliburton, atual vice de Bush Júnior, é um expert em energia.
Antes de ser o vice de Bush - e batalhar ardorosamente pela invasão do Iraque onde, aliás, atua a Halliburton -, Dick Cheney dizia que a Petrobras ainda dominaria o setor petroleiro na América Latina.
Em tempo, e ainda sobre o arrombamento e furto de informações sobre descobertas recentes da Petrobras.
O campo de Tupi, anunciado no dia 8 de novembro de 2007, está localizado na bacia de Santos e tem capacidade estimada entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo.
Tupi é um acréscimo de quase metade da produção atual brasileira, que é de 14,4 bilhões de barris. O campo se espalha desde o litoral do Estado do Espírito Santo até Santa Catarina, ao longo de mais de 800 km de extensão por até 200 km de largura.
Resposta da Petrobras
A Petrobras respondeu oficialmente a Terra Magazine na manhã desta quinta-feira, 14:
- Houve um furto de material e equipamentos que continham informações importantes para a companhia. A Petrobras tem a integralidade das informações furtadas.
Diz ainda a estatal:
- O material não estava sob guarda da Petrobras. A Petrobras tomou as providências cabíveis e o assunto está sob investigação.

QUINTA, 14 DE FEVEREIRO DE 2008, 13H28

Halliburton não se pronuncia sobre furto

Exclusivo, direto do Rio de Janeiro
A Halliburton é tida como a maior empresa de serviços em campos de petróleo do mundo. Ela transportava em um container um disco rígido e dois notebooks furtados com informações confidenciais da Petrobras sobre pesquisas e dados das recentes megadescobertas de petróleo e gás em águas profundas. A presidência da Petrobras e o presidente da República, Lula, foram informados sobre o caso no dia 1º de fevereiro. A Halliburton afirmou nesta quinta-feira, 14, aTerra Magazine, não ter "nada a dizer neste momento" sobre o arrombamento e o furto.

A empresa, que já foi presidida pelo atual vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, transportava em um container as informações desde uma plataforma da Bacia de Campos (RJ) para o continente, em uma sede na cidade de Macaé (RJ).
Procurados por Terra Magazine sobre o caso - que foi confirmado pela Petrobras nesta quinta - a Halliburton, através da secretária-executiva do vice-presidente para a América Latina, Dalila Muniz, disse que a empresa não tem o que dizer:
- Ainda está tudo sendo averiguado, investigado, não temos nada a declarar.
Terra Magazine questiona: ora, se está sendo investigado, algo houve.
- Meu filho, não sei - diz a secretária-executiva - (...) Vocês têm que conversar com a Petrobras, não é com a gente. A gente realmente não tem nada a declarar.
A Halliburton é uma empresa norte-americana que presta serviços à estatal brasileira de petróleo há algum tempo. Pelo menos dois contratos foram firmados nos últimos anos. Um deles, no valor de US$ 2,5 bilhões e o outro, em agosto de 2007, de US$ 270 milhões.
Nos dois notebooks e no disco rígido furtados estavam dados sobre as recentes descobertas brasileiras de megacampos de exploração de petróleo e gás, que podem colocar o Brasil na lista das dez maiores reservas do planeta. A Petrobras tem cópias das informações furtadas.
Até mesmo o nome do vice-presidente da empresa para a América Latina, a secretária-executiva não quis revelar. É o chileno Roberto Muñoz. Leia os principais trechos com a secretária-executiva da Halliburton:
Terra Magazine - Vocês reconhecem que o furto ocorreu?
Dalila Muniz - Não sei, meu filho. Ainda está tudo sendo averiguado, investigado, não temos nada a declarar.
Mas se está sendo investigado, houve um furto?
Meu filho, não sei. O que foi que a Petrobras disse? A Petrobras confirmou que foi roubada alguma coisa?
A Petrobras confirmou. Você viu a reportagem?
Eu vi. Mas aí vocês têm que conversar com a Petrobras, não é com a gente. A gente realmente não tem nada a declarar.
Eu entendo. Mas trata-se uma companhia estrangeira, que presta serviços para a Petrobras e que, segundo a Petrobras era responsável por esses equipamentos. Os equipamentos foram furtados e você acha que não deve haver uma explicação?
Não, eu realmente não acho nada.
A Halliburton acredita que não há uma explicação que deva ser dada à sociedade brasileira?
A Halliburton não está se pronunciando no momento. Nesse momento, a Halliburton não vai se pronunciar.
Desculpe, qual é a função que você ocupa mesmo?
Sou secretária-executiva do vice-presidente para a América Latina.
Qual o nome dele, por favor?
Olha, eu vou pedir a você que, por favor... (silêncio) não me coloque nada além do que eu já te falei. Porque a gente não tem o que pronunciar.
Sim, eu entendi. Mas vamos publicar uma matéria dizendo que a Halliburton não quer se pronunciar sobre esse assunto.
Não, ela não está dizendo que ela não quer. Ela está dizendo que não vai se pronunciar agora. Não tem o que pronunciar.

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